O universo engavetado.
Pêssego se reporta adentro de seu ser em meio ao seu quarto, encolhida voluntariamente, rindo-se do que acabara de acontecer: sua vida.
Levanta então, pensando nos primeiros passos. Dirige-se á sua escrivaninha azucrinada por meio de uma revolta inacabada da entalpia de seu corpo indo em direção a gaveta. O universo quase implora sua busca .Ela sabe que a gaveta vai abrir se ela fizer tais gestos, movimentar-se; ela conhece o peso de seu corpo, a forma de sua mão. Ela reconhece seu corpo, sua alma encaixada.
Ela tira um fio de cabelo que fica bem no meio da cabeça, o maior. Amarra meio amargurada, o fio na maçaneta: “era tão bom aquele fio de cabelo”.
O fio Move-se e, reconhecendo-o como parte de seu corpo, pêssego anuncia sua partida e puxa a gaveta segurando um fio que se mostra mais forte do que o natural ao rodar a maçaneta.
A gaveta tem as formas que juntou na coleção de representações de estrelas e astros rebentos criando um céu particular ilustrado com pequenas bolinhas de cristal e glitters repuxando e circulando as estrelas com fios de lã em meio a gaveta que ela mexe e vira tentando encontrar seu domínio.
Ali no meio dos seus anos ela pendura o anel de saturno no seu dedo: “Pra acabar com esse sentimento das borboletas cimentando meu âmago meu amor”
Há vidas atrás Pêssego cumpria sua promessa, dar-te um beijo á cada manhã. Ele perguntara ao universo: o que me tens hoje... Tens as coisas sempre acabando e finalizando pequenas ou grandes, ou criando o conjunto de forças opostas unificando, juntas expandindo, juntas separando, juntas. Dando-me aquele sentimento, ao acordar, em uma calma confusão ainda no café da manhã. Dando-me a invenção do café da manhã.
Tossindo, vira a cabeça, e tira a borboleta de sua boca. Tremeluzindo sobre a luz a borboleta voa rasteiramente pelo ar levando todo o âmago.
As asas da borboleta aumentam criando sombra sobre todo o quarto, Pêssego sorri e acende os mundos com um beijo no anel de saturno. Saindo assim de mansinho as sombras rapidamente se rompem sobre os cantos do quarto.
Era o preço de sua alma acampada na terra. Morrer todo dia, entre os confetes da gaveta, arrancar o coração pra nos beijar pela manhã.
O coração de Pêssego explode silenciosamente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário